Você já deve ter ouvido alguém
reclamar que não consegue encontrar um
software que funcione bem na sua empresa. Que
já trocou várias vezes de fornecedor,
mas continua com o mesmo problema. Eu também
já ouvi.
Estou na área de consultoria há
mais de 25 anos e já conversei com muita
gente que me contou sua história. Muitos
eram empresários bem sucedidos e conseguiam
ganhar muito dinheiro comprando, produzindo, vendendo
e enfrentando os concorrentes no mercado, mas
não conseguiam escolher um software que
os ajudasse a ganhar mais dinheiro. Alguns até
estavam no prejuízo, perdendo dinheiro,
clientes e funcionários.
E por que isso acontece?
Conhecendo o mercado, que acompanho há
mais de 25 anos, eu sei que há muitas empresas
que realmente dão muito aborrecimentos
para seus clientes. Porém, essas mesmas
empresas possuem clientes muito satisfeitos, que
até as indicam para terceiros. Sei também,
que há empresas renomadas com muitos clientes
insatisfeitos.
Então o que determina o sucesso e o fracasso?
É simples, é a prática. Isso
mesmo.
Veja, por exemplo, seu comprador de matérias-primas.
Ele é um especialista no assunto e ninguém
o engana, pois faz isso todos os dias. Mas, um
sistema não é algo que se compra
ou troca com frequência. Muitas empresas
os têm por mais de 10 ou 15 anos. Logo,
não sabem como comprar.
Já na outra ponta, os vendedores de sistemas
fazem isso todos os dias. Sabem vender e usam
todas as modernas técnicas de persuasão
e convencimento. Através dessas técnicas,
encaminham as negociações, com ajuda
do comprador, para o mesmo ritual de uma compra
qualquer, que é baseada na persuasão
e suposição de que haverá
sucesso. Mas, lembrem-se: vendedores têm
cotas para cumprir.
Você deve ter bons exemplos na sua empresa.
Seus vendedores farão, e precisam fazer
qualquer coisa para conseguir vender para seu
cliente, pois têm cotas e objetivos para
serem atingidos.
É neste contexto que surgem os problemas.
Há certas coisas que não podem ser
vistas como uma compra, embora ocorra a entrega
e o pagamento. Você não compra uma
consulta médica e nem negocia suas condições.
Você não compra uma defesa jurídica
e nem negocia as condições para
ganhar a causa.
A aquisição de um sistema de gestão
empresarial também não é
uma "compra", muito menos algo que se
peça para o comprador da empresa cuidar,
nem mesmo para a área de TI.
Adotar um novo sistema de gestão é
escolher uma nova maneira de organizar a empresa,
uma nova maneira das áreas se relacionarem,
uma nova maneira da empresa fazer as compras e
as vendas. Todos serão afetados, os funcionários,
os fornecedores, os clientes e os responsáveis
pela gestão da empresa. É tão
importante e significativo que apenas o dono da
empresa deveria fazê-lo.
É ele quem sabe como deseja que a empresa
seja organizada, como os objetivos atuais e os
objetivos futuros serão atingidos. De acordo
com seu estilo, que ferramentas ele quer para
avaliar o desempenho e o resultado. Que nível
de eficiência quer e o quanto sua empresa
precisa de mudanças agora e no futuro para
acompanhar o mercado, enfrentar os concorrentes
e chegar aos seus objetivos. São estratégias
e resultados que vão depender da flexibilidade
e competência do Sistema de Gestão
Empresarial adotado pela empresa.
Se a escolha não for feita com esses cuidados,
certamente, o sistema adquirido servirá
apenas para atividades isoladas, como emitir nota
fiscal, controlar os estoques e pagar as contas.
Não servirá para a empresa se desenvolver
e muito provavelmente vai aprisionar as atividades,
as estratégias e as mudanças de
rumo. Parece que é algo complexo e importante.
Tenha certeza, é mesmo.
As empresas que não conseguem sucesso
são justamente aquelas que adquirem seus
sistemas como qualquer outra compra. Muitas, sequer,
fazem uma simples lista de suas necessidades e
objetivos. Saem para comprar algo sem saber profundamente
do que precisam. Aumentam os riscos escolhendo
uns poucos fornecedores. A seleção
é limitada, as opções são
limitadas e a capacidade de avaliação
e decisão também fica limitada.
Provavelmente, vai prevalecer a técnica
do melhor vendedor e, talvez, do menor preço.
Nada a ver com as necessidades, os objetivos e
o sucesso da empresa.
Sobre o autor
J. R. Cesário é empresário
e consultor.
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